Programa Inst. de Bolsa de Iniciação à Docência
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID)
Equipe Química – DQ - UFSCar
Orientadora: Profa. Dra. Vânia Gomes Zuin
Texto de Renan Vilela Bertolin e Ricardo Flávio de Souza
Introdução
Atualmente, as práticas pedagógicas nas escolas visam um ensino mais contextualizado e crítico, que trabalha a interdisciplinaridade, associando o conhecimento das várias áreas do conhecimento com a vivência dos educandos. Logo, a compreensão dos processos de interação inseto-planta – presentes em todas as relações referentes ao convívio entre espécies de reinos diferentes e com o qual nos deparamos cotidianamente – encontra um espaço privilegiado para ser abordado quando são considerados os educandos de uma escola de Educação Básica localizada na região rural. Promover a transposição de conceitos científicos, geralmente produzidos em universidades ou centros de pesquisa e possibilitar a divulgação destes conhecimentos, que têm relação direta com o dia-a-dia de determinada comunidade escolar, caso dos educandos da Escola Estadual Adail M. Gonçalves, localizada no município de São Carlos (SP), no distrito de Água Vermelha, foi o enfoque deste trabalho. Neste sentido, concordamos com Libâneo quando afirma que o “ensino somente é bem sucedido quando os objetivos do professor coincidem com os objetivos de estudo do aluno e é praticado tendo em vista o desenvolvimento de duas forças intelectuais (1994, p.55). Esta proposta integrou a Feira de Atividades, uma ação dentro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID), a qual foi desenvolvida pelo grupo da Química atuante na Escola Estadual Adail M. Gonçalves (Figuras 1-3).
Figura 1. Grupo do PIBID - Química atuante na Escola Estadual Adail Gonçalves (São Carlos - SP), antes da realização da Feira de Atividades realizada em maio de 2010 (da esquerda para direita, Profa. Dra. Vânia Gomes Zuin, juntamente com os bolsistas Ricardo Flávio de Souza e Renan Vilela Bertolin).
Por meio da proposta, houve espaço para que a curiosidade com relação ao material e conteúdos expostos superasse a memorização mecânica, ou seja, houve possibilidades para além da aprendizagem de conceitos (FREIRE, 1996). A construção ou a produção do conhecimento implica um exercício da curiosidade, da capacidade crítica do indivíduo ‘tomar distância’ de um objeto que já tenha alguma relação com a sua vida, de observá-lo, de delimitá-lo, de cindi-lo, de ‘cercar’ o objeto ou fazer sua aproximação metódica, sua capacidade de comparar e perguntar (p.85). Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar condições para que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor, e seu entorno, exercitam a experiência profunda de assumir-se. Isso significa assumir-se como ser social e histórico, como transformador, criador, realizador de sonhos e participante de sua realidade, não só a mais imediata (FREIRE, 1996).
A atividade levada aos alunos focava a exposição de um experimento que trazia uma das pragas mais frequentes nas lavouras da região, a lagarta do milho (Spodoptera frugiperda).
Figura 2. Alunos da Escola Estadual Adail Gonçalves observando e comentando os tubos de ensaio contendo larvas da espécie Spodoptera frugiperda, mais conhecida como lagarta do milho.
Figura 3. Em primeiro plano, a bancada da equipe PIBID-Química com educandos interagindo tanto com os experimentos quanto com os bolsistas e, ao fundo, demais participantes da feira de atividades da Escola Estadual Adail Gonçalves.
No caso da lagarta do milho, a interação inseto-planta se baseia na busca por alimento por parte da lagarta. A lagarta procura no milho seu meio de sobrevivência, quimicamente falando, ela busca carboidratos e proteínas essenciais à manutenção da sua vida. Considerada uma praga, a lagarta do milho é geralmente combatida por meio de agrotóxicos que podem ser nocivos ao meio ambiente. Porém, há vários problemas associados com o uso desses produtos, especialmente devido à possibilidade do surgimento de insetos resistentes e a redução de seus inimigos naturais. Assim, a busca de novos inseticidas de origem vegetal tem sido intensificada já que de uma forma geral, os inseticidas naturais não são persistentes, ou seja, degradam com maior velocidade que os não naturais, não deixando resíduos no alimento ou no meio ambiente. Neste aspecto, conhecer um pouco mais a vida da lagarta do milho é poder despertar no educando a noção de relações entre seres vivos e o seu meio, fazendo com que esses possam perceber que as estreitas e múltiplas relações que englobam a todos.
Objetivos
O presente trabalho visa despertar no aluno a visão sobre as relações entre os seres vivos e, também, fornecer a eles subsídios para uma reflexão crítica a respeito da sustentabilidade, explorando a problemática do uso de agrotóxicos ou outras formas de controle de um inseto. A partir do tema central “lagarta do milho”, visou-se explorar conceitos de Bioquímica, Química Ambiental e Educação Ambiental.
Questões iniciais para reflexão
Por que a larva se alimenta do milho?
Por que a vida da larva depende do milho?
Que formas existem para o controle de tais insetos?
Parte experimental
Vinte tubos de ensaio contendo lagartas do milho criadas em laboratório (Grupo de Produtos Naturais DQ - UFSCar) foram levadas para a escola a fim de que os educandos pudessem acompanhar o seu desenvolvimento. As lagartas se encontravam em tubos de ensaio contendo um substrato preparado com milho, que propiciava a elas condições adequadas o seu desenvolvimento até a fase adulta (mariposa). Durante tal processo de desenvolvimento, após a exposição inicial do ensaio aos educandos realizada pelos bolsistas PIBID-Química, esses e o professor de Química da escola abordaram questões relativas à Bioquímica, Química Ambiental e Educação Ambiental.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. 1996.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
MATOS, A.P., NEBO, L.; CALEGARI, E.R.; BATISTA-PEREIRA, L.G.; VIEIRA, P.C.; FERNANDES, J.B., SILVA, M.F.G.F.; FERREIRA-FILHO, P.; RODRIGUES, R.R. Atividade Biológica de Extratos Orgânicos de Trichilia spp. (Meliaceae) sobre Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em Dieta Artificial. BioAssay n. 1, v. 7, p. 1-6, 2006.